quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Férias em Taipei - Abigail Hing Wen


Publicado pela editora ALT. Ever Wong sonha em estudar dança, mas seus pais querem que ela curse medicina. Ela não conta para eles, mas tem planos de conseguir uma bolsa de estudos e poder fazer dança na instituição onde foi aceita. Entretanto, seus planos são arruinados porque, sem saber, ela foi inscrita em um intercâmbio em Taiwan.

Eu gosto muito da Ever do começo do livro. Ela é uma personagem incrível e realista. Meu coração ficou muito apertado por ela e consegui me colocar no lugar dela em relação a pressão de fazer um curso que não gosta. Mesmo com boas intenções, os pais dela estavam querendo que ela vivesse a vida deles e não a dela (ela nem conseguia olhar para sangue). Ever desesperada viajando de avião me representa demais. Entretanto, ela é uma personagem que perde um pouco do brilho inicial no decorrer da história.  Ela está tão focada em quebrar as regras da família dela que esquece de focar em si mesma, de procurar se conhecer e isso me deixa tão angustiada (me sinto sufocada de verdade). Isso me afastou um pouco da personagem porque parecia que ela estava tentando só ferir os pais.

Acho que não existe nada que eu deteste mais do que triângulos amorosos. Triângulo amoroso não (POR FAVOR, NÃO).  Nossa como eu odeio com todas as forças triângulos amorosos.  Para que isso,  gente? Qual a necessidade?  Sem falar de que o outro nunca teve chances para começo de conversa (ocultei nome para não ser spoiler). Sempre ficou evidente, pelos pensamentos dela, quem ela queria, não sei para que enrolar o outro e usá-lo da forma que fez (eu me senti tão mal lendo a cena dos dois e as seguintes).

Narrado em primeira pessoa pela Ever, o livro compreende as 8 semanas que ela passa no intercâmbio e um pedacinho do retorno dela aos EUA. A sensação é de que tem muita coisa acontecendo e tem mesmo com quase todos os personagens relacionados a Ever e quase que ao mesmo tempo. E essas coisas eram temas importantes, necessários, mas que foram tratados de forma rápida por serem muitos.  Eu tive que fazer algumas paradas para respirar fundo. Entretanto, ao mesmo tempo que é cansativo e sufocante, quando olhamos para a personagem principal, a gente percebe que é isso que a autora queria que a gente sentisse, que a gente entendesse que a Ever está se partindo.  Então apesar do triângulo amoroso detestável, o livro é sobre quebrar e recolher os cacos. Tudo acontece,  mas está longe do nosso controle para impedir. Um dos momentos que achei mais marcantes do livro foi uma conversa dela com os amigos sobre xenofobia e racismo, fiquei muito impactada e chorando. Então ao mesmo tempo em que não gostei do triângulo amoroso e do relacionamento entre a protagonista e o boy escolhido, gostei das discussões propostas pelo livro e de como ele nos faz sentir a personagem se partindo e se encontrando. Acho que foi uma boa leitura no geral.

Gatilhos: suicídio, depressão, violência doméstica, traição, parentes ou amigos tóxicos, vazamento de imagens íntimas, xenofobia, racismo, machismo

Vocês já leram esse livro? Ou já terminaram algum que tenha trazido as mesmas sensações? Contem nos comentários.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Persuasão - Jane Austen


Primeiro  clássico lido em 2022 (tenho a meta de ler todos os livros da Jane esse ano). Publicado pela editora José Olympio, ele vai contar a história da família Elliot cujo patriarca é um homem orgulhoso demais para o próprio bem e para bem das filhas. Anne é a filha menos amada por ele e se isso não bastasse suas chances de felicidade são arruinadas pelo próprio pai cuja soberba e orgulho já mencionei e pela madrinha, lady Russell que se colocam contra o noivado dela com o jovem Frederick por sua condição social.

Eu me sinto muito mal pela Anne. Ela não é apreciada pelos familiares, é deixada de lado e sua amabilidade e cordialidade são sempre aproveitadas pelos outros. Não é de se admirar que com essa personalidade aos 19 anos ela tenha sido persuadida a colocar fim no relacionamento dela, minando suas chances de felicidade.

Frederick Wentworth é um homem forte que ganhou a vida na marinha. Nobres não gostavam de pessoas com profissões então imaginem que ele apesar de ser uma pessoa determinada e trabalhadora não ganhou a admiração da família de Anne quando se conheceram. Também foi uma decepção que ela tenha renunciado a ele. Quando mais tarde os dois se encontram, ele é frio com ela (meu coração partido).  Entendo completamente os sentimentos dele, mas não deixo de sentir por ela.

A parte mais difícil foi me habituar a leitura que contem muita descrição, mas uma vez que acostumei, comecei a ganhar velocidade e não conseguia me desgrudar do livro. Fazia tempo desde que li algo tão encantador e sem dramas desnecessários. Gostei de quase todos os personagens e de seus desenvolvimentos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O jogo do amor/ódio - Sally Thorne


Publicado pela universo dos livros. Lucy e Joshua se odeiam (será? claro que não). Depois da fusão de duas empresas do setor editorial, eles são obrigados a trabalhar juntos já que são assistentes dos presidentes das empresas que agora se tornaram uma só.

Joshua presunçoso Templeman é dito lindo e tem todo o estereótipo do que é considerado beleza padrão em sua descrição (revira os olhos). É cínico, sarcástico, é bom com números e parece que nada o afeta.  É claro que ele não é só isso, começa a ficar bacaninha quando se abre e a gente vai sabendo mais sobre ele. Ai você se pega pensando: "acho que gosto um pouco desse homem".

Lucy Hutton é fútil e tem atitudes gordofobicas (não temos espaço para isso. NÃO TEMOS).  Outra coisa que não gosto é a forma com a qual ela parece ser obcecada pelo corpo do protagonista masculino. As vezes me dá a impressão de que ele é só um corpo. Então temos esses momentos em que eu juro que gostaria de entrar no livro e dizer miga, cala a boca e vamos melhorar. Gosto do relacionamento que ela tem com os pais e das interações entre eles. Não gosto do fato dela não ter amigos e isso também se aplica ao mocinho que também parece ter essa existência sem amigos.

No começo, os dois tão no nível de implicância um com outro que olhaaa até eu em certo ponto já estava perdendo a paciência com tanta imaturidade. Só que de certa forma isso torna o livro divertido e fez com que eu continuasse lendo e lendo e lendo até acabar. Teria lido mais rápido (se você me acompanha pelo skoob pode ter reparado no tempo de leitura) se não tivesse tido uma crise de enxaqueca e não tivesse ido ao dentista, mas mesmo assim li bem rápido para os meus padrões de leitura. Essa imaturidade deles não dura muito ou pelo menos diminui bastante conforme a história se desenvolve e eles começam a colocar as coisas em pratos limpos. 

Trama construída em cima de vários clichês. Clichê sobre clichê. Pessoas que começam se odiando, mas depois ficam juntas e é isso. Protagonista masculino com relacionamento ruim com os familiares dele versus mocinha com uma ótima base familiar. Protagonistas solitários. Competitividade nada saudável entre os protagonistas (o que mais tem em certos ambientes de trabalho infelizmente). Inclusive, lugar tóxico hein. Alguém já leu o livro? O que acharam?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Esplêndida - Julia Quinn


Primeiro livro da trilogia  damas rebeldes publicada pela editora Arqueiro. Não lembrava, mas já tinha lido esse livro, o prólogo foi o suficiente para refrescar minha memória (E boom não acho que seja meu favorito da Julia não). Essa resenha vai ter alguns spoilers porque não tenho como dizer que não gostei de algo sem dizer o que. Emma, uma herdeira norte americana, vai a Londres para passar a temporada com os parentes. Lá, disfarçada de ajudante de cozinha, ela conhece o duque de Ashbourne que fica interessado nela logo de cara.

Alexander Edward Ridgely,  duque de Ashbourne, um egocêntrico que acha que pode tudo com todos. Se acha encantador,  mas não é nenhum pouco.  Infelizmente a mocinha cai na lábia dele.  Ele é impositivo, dominador e isso o tornou detestável para mim logo de cara (qual é, mano).  A intenção dele é seduzi-la (que ódio). Cada página, eu tive vontade de gritar.   Eu posso achar uma pessoa extremamente bonita, mas se ela tiver a mesma personalidade que ele não me sinto nem um pouco atraída. Ele é insuportável e manipulador. Então quando o Alex resolveu ser doce, eu já tinha azedado.

Emma é espirituosa,  mas sem noção e bom senso. Ela mora nos EUA e vai para Londres para ter uma temporada junto com sua tia, irmã do pai,  e a família dela. Não acho que ela queira ser amante do duque e em nenhum momento o livro me leva crer isso. Emma é um espírito livre e acho que só estava afim de uns beijos mesmo. O que torna o Alex bem pior porque ele fica cercando ela como um leão atrás da presa. Eu me senti muito magoada sinceramente... Emma, você merecia mais.

Se tudo isso não bastasse  a ausência do pai dela na história foi algo que me chateou. Ela deveria ter voltado aos EUA para conversar com o pai antes de um passo definitivo ou ele ter ido a Londres.  Afinal de contas é dito que ele a criou praticamente sozinho e que eles eram muito MUITO próximos, mas ele não fez parte dos últimos acontecimentos da vida da filha dele (até entendo a urgência da situação, mas preferia que não tivesse sido conduzido dessa forma).

Os pontos fortes do livro são Dunford amigo do Alex, ele se mostrou interessante; A  amizade entre os primos Emma, Belle e Ned, pareciam os três mosqueteiros sempre prontos para ajudar um ao outro; o relacionamento da tia com o marido é bonitinho; e por último, mas não tão menos importante, os diálogos engraçados típicos de livros da Julia Quinn que aparecem nesse.

É o primeiro trabalho da Julia e a gente consegue ver os traços que gostamos nos trabalhos que seguiram dela presentes já nesse. Os personagens secundários, por exemplo, são bem legais. Infelizmente o protagonista masculino não foi em nada do meu agrado e me deixou com o gosto amargo na boca. Você já leu esse livro? O que achou? Tem algum livro de autores que vocês gostam, mas que os protagonistas não te conquistaram? Conta para mim nos comentários!