quinta-feira, 30 de junho de 2022

Sem receita para o amor - Jennifer Yen

Publicado pela editora Melhoramentos. O livro propõe uma versão moderna de orgulho e preconceito. Liza Yang é uma jovem apaixonada por confeitaria e que sonha seguir nesse caminho. Infelizmente sua mãe tem outros planos para ela e quer que ela estude algo da escolha dela. Não só isso, além da pressão pela escolha profissional, ela tem que lidar com as tendências casamenteiras da mãe. O caos se instaura quando a mãe decide usar o concurso de confeitaria organizado por ela para reunir jovens elegíveis para Liza (socorro,o programa de namoro tá diferente). Tudo só complica mais quando James entra na história.

Liza é uma personagem que gostei logo de cara. É inteligente, divertida e é fã da Jane Austen (já ganhou mil pontos comigo e é isso). Tem duas amigas com quem pode contar, a Sarah e a Grace, mas é mais próxima da Grace que é como uma irmã. Ela gostaria que os pais dela a compreendessem mais e que a mãe não apresentasse solteiros aleatórios para ela. Ou seja, tem que lidar com as pressões dentro de casa e o medo de não conseguir realizar seu sonho. Gosto como ela vai se desenvolvendo ao longo da história.

Grace, melhor amiga, quase irmã da Liza. Como toda Elizabeth Bennet precisa de sua Jane, eis ela aqui. Eu já estava preparada para tomar as dores dela quando Bingley, quer dizer Ben, entrasse em jogo. Porque para mim é sempre óbvio que apesar de tentarem passar o pano e botar a culpa no Darcy, quem largou a Jane foi o Bingley, quem deveria acreditar e conhecê-la era ele e não o Darcy. Então quando a situação se apresenta aqui e em uma versão moderna, tive a mesma perspectiva, embora nessa versão eu tenha sim ficado AHHHHHHHHHHH (sem spoilers lol).

James, nosso Darcy. Eu fui de amor ao James para esse insolente vai ter que pagar por toda dor que causou a minha pobre Grace e depois vem cá eu te amo, mas ainda estou um pouco chateada. Tive uma péssima primeira impressão dele, mas ele foi me ganhando aos poucos. As atitudes que ele toma em certo momento são bem questionáveis e me deixaram igual um pinscher (estamos resolvidos agora, mas só eu sei quanto tremi).

Como ainda estamos na parte onde comento alguns personagens, vou fazer minha menção honrosa para um dos candidatos do concurso de confeiteiro. Se tem um personagem que ganhou meu coração sem muito esforço foi o Sammy. Ele não tinha falas direito e nem muito destaque,  mas ah toma aqui meu coração. Ele merecia um livro dele.  Vai sammy. Não sei nem como explicar porque gostei tanto dele, só sei que chegou e desde o momento em que apareceu foi amor a primeira palavra.

Esse livro foi como assistir uma comédia romântica no fim de uma tarde. Bem gostosinho de ler. Além de tudo teve referências a livros, autores, séries e atores que gosto. A autora bebe da fonte de Jane Austen. A gente vê os ingredientes: mãe casamenteira que quer impor seus próprios critérios à filha, amigo influenciável do protagonista masculino, etc. Sendo assim, a gente tem um certo vislumbre do que está prestes a acontecer. Entretanto, não é só isso, a autora traz questionamentos sobre pressões para escolhas profissionais e relacionamentos. É uma leitura bastante agradável e eu super indico para quem assim como eu gosta (demais) de orgulho e preconceito ou para quem está buscando algo leve para ler. O único contra, para mim, foi ter sido escrito em primeira pessoa. Acho que pela história teria sido muito melhor estar em terceira.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Amari e os irmãos da noite - B. B. Alston

Primeiro livro da trilogia investigações sobrenaturais publicada pela editora Seguinte. Conheci  o livro através de um post da Cida do blog Moonlight Books sobre lançamentos da editora e me apaixonei pela sinopse. Na primeira oportunidade que tive, comprei e agora estamos aqui. Obrigada, Cida! 

Gente, se vocês gostam de fantasia, investigação e seres sobrenaturais, esse é o livro que você precisa conhecer hoje. Sério, mesmo. Com certeza é um dos melhores livros que li esse ano e já já você vai entender o porquê.

O irmão de Amari desapareceu e a vida dela parecia desmoronar. Vítima de bullying e racismo na escola, ela acabou perdendo a bolsa de estudos por apenas se defender. Porém, tudo está prestes a mudar. Seu irmão desaparecido, Quinton, a inscreveu no acampamento da agência de casos sobrenaturais. Agora além da descoberta de que seres sobrenaturais existem e o desaparecimento do seu irmão estar relacionado a isso, ela tem que conquistar seu lugar na agência.

Amari Peters é uma jovem criada apenas pela mãe porque o pai abandonou a família. O desaparecimento de Quinton é uma dor muito profunda para ambas, mas Amari não consegue se resignar com a perda e não acredita na morte dele (acredito que nem a mãe, mas a gente não tem acesso aos pensamentos dela). A considero uma personagem forte, corajosa, inteligente e que está cansada de ser menosprezada. A crença de que pode achar o irmão ainda com vida é o que a motiva a querer um espaço na agência. Entretanto, mesmo na agência sua vida não é nada fácil. Ela tem que lidar com ódio em relação aos magos dos quais descobriu fazer parte. Ela conta com ajuda de seus dois amigos Elsie e Dylan.

Quinton é irmão mais velho de Amari e tudo indica que ele é perfeito. Além de ser um bom irmão, é um bom cidadão e um agente muito amado no mundo sobrenatural. É com Amari que descobrimos o que aconteceu com ele e a natureza de sua investigação.

Elsie é colega de quarto da Amari e super fã do duo formado pelo irmão da amiga com a agente Maria, os VanQuish. Ela é um ser sobrenatural, uma dragumana. É simplesmente um gênio criativo. Logo de cara as duas se tornam amigas e se unem para investigar o que aconteceu com o duo.

Dylan Van Helsing é irmão da Maria. Ele é que vai ajudar a Amari em relação a ser mago porque oras ele também é um mago. Por causa do ódio aos magos, ele só conta a Amari sobre seu poder. Ele compartilha informações com ela e se une a sua investigação.

O livro é narrado em primeira pessoa.  Acho que o diferencial para mim dos outros livros de fantasia que li este ano (e que gostei muito), é que as partes do mundo real são realidades em que o leitor vive ou presencia. Ou seja, é um livro que não descarta o mundo em que vivemos e que ao mesmo tempo cria dentro dele um mundo fantástico pronto para ser explorado. É o primeiro livro que leio desse autor e assim já sinto que quero tudo que ele escreve na minha mesa porque me senti compreendida e abraçada por sua escrita. Além dele nos lembrar que intolerância, bullying e racismo existem, ele nos diz que tudo pode ser diferente, que podemos mudar nosso destino, basta oportunidade. É uma mensagem poderosa sobre a necessidade de dar e receber oportunidades.

O final foi assim boom. Muito bom e surpreendente (eu não teria descoberto se não tivesse espiado e sim eu sempre espio). Agora eu estou o caos esperando o próximo livro (já procurei até spoilers, mas tô aqui sofrendo).

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Your name - Ranmaru Kotone e Makoto Shinkai

Publicado pela editora JBC. É um mangá baseado no filme com o mesmo nome. Assim que lançou, comprei, mas como estava em uma fase bem difícil sem conseguir ler por prazer, só peguei agora (inclusive vários livros dessa época que ainda não li). Enfim, estamos aqui. Minha versão é a de três volumes, mas sei que tem uma versão de volume único e por isso minha resenha não será só sobre primeiro volume, mas da história em geral.

Mitsuha é uma colegial que vive junto com sua irmã e avó em uma cidade do interior chamada Itomori. Juntas elas mantêm o santuário da família resguardando a tradição. Mitsuha não tem um bom convívio com o pai de quem se distanciou desde a morte da mãe. Se pudesse nascer de novo, ela gostaria de ser um garoto vivendo em Tóquio, livre de qualquer julgamento. Um dia, algo estranho acontece e o que ela pensou ter sido um sonho se mostrou uma experiência real: ela esteve o dia inteiro no corpo de um garoto de Tóquio, Taki, e ele no dela. 

No decorrer da história os dois passam a se comunicar através de mensagens deixadas no caderno dela e entradas no diário dele do celular. Eles começam a ficar bem próximos passando a compreender melhor a situação um do outro, mas logo são surpreendidos pela abrupta interrupção das trocas. Sem conseguir entrar em contato com Mitsuha, Taki tenta encontrá-la (torcida aqui fervorosa por ele).

Mitsuha é uma pessoa gentil e fofa. Ela demonstra isso durante a estadia no corpo de Taki. Ela é legal com todo mundo e tenta criar oportunidades para ele. Já em Taki gosto da perseverança dele em relação as coisas que estão acontecendo e como juntos, ele e Mitsuha conseguem o inimaginável. Acho que se tivesse que definir essa história em poucas palavras, diria que ela é sobre criar laços familiares, de amizade e de amor.

Uma das coisas que mais me fascina em Your name é a delicadeza e sensibilidade da história. Não é só um enredo de troca de corpos, os sentimentos estão tão vivos, as experiências dos personagens os ressaltam. Eu acho que me deu uma sensação muito pacífica lendo. A forma como é conduzido faz com que o leitor acredite com naturalidade na história, pelo menos é assim que me senti como se fosse algo que realmente pudesse acontecer. Meu coração se sentiu preenchido. Vou até rever o filme.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

A noiva do deus do mar - Axie Oh

As vezes os livros nos encontram e foi o caso desse. Entrei na livraria com uma lista de livros e ao olhar na direção dele, a protagonista vestindo hanbok, roupa tradicional coreana, me chamou logo. Parecia que tinha chamado meu nome. Faz mais ou menos 11 anos desde que comecei a estudar coreano e sempre fico bastante animada com publicações relacionadas ao país.

Dito isso, vamos lá. O livro foi publicado pela editora melhoramentos e essa é minha primeira experiência de leitura com ela. Mina é uma jovem corajosa e bastante leal a quem ama. Ela ama seu irmão e é por ele que ela decide se tornar a noiva do deus do mar.

Era costume escolher uma jovem que seria sacrificada ao deus do mar por causa das constantes tempestades e desolações. Ela seria levada de barco e engolida pelo oceano. Dessa vez, a jovem era Shim Cheong. Ela e todos no vilarejo já sabiam seu status de noiva há muito tempo, mas não impediu que Joon, irmão de Mina, e ela se apaixonassem. Num pacto silencioso, ele estava disposto a enfrentar a  divindade. Porém, Mina não aceitaria que seu amado irmão o fizesse e se oferece como noiva.

Ao pular do barco, sua vida muda para sempre. Ao despertar, se percebe viva no Reino dos espíritos e o mais importante, o deus do mar não tinha abandonado seu povo, ele parecia amaldiçoado.A partir desse momento sua missão é de procurar uma solução para isso o mais rápido possível para evitar mais sacrifícios e mortes causadas pela falta do deus.

Entretanto, nada é fácil. Em seu caminho aparecerão muitos problemas. Além disso, ela se vê ligada pelo fio do destino a outra divindade, Shin. A pergunta "o que aconteceu com o deus do mar?" permeia ao longo de quase toda história. Tem uma pista ou outra sim e em certo ponto da leitura teorias começam a se formar.

Mina é uma personagem corajosa, por vezes imprudente e impulsiva, mas que se adapta rápido as situações. É inteligente e faz o que acha certo. Gostei bastante dela e acho que foi bem construída. Fiquei bem animada esperando o que exatamente ela faria.

Eu achei toda a cena de sacrifício impactante. Imagina você está num barco, aparece um dragão de dentro d'água como um emissário para levar a noiva ao seu destino. Eu só pensava no que iria acontecer se o Joon ia enfrentar o dragão, se os dois iam se jogar na água juntos ou ia ter bate boca entre os irmãos. Tinha toda a aura de tensão me envolvendo enquanto lia.

Logo de cara posso dizer que gostei bastante. A narrativa é feita em primeira pessoa e apesar de que prefiro mil vezes terceira pessoa, acredito que casou perfeitamente com a história que é sobre a Mina e a personagem é uma contadora de histórias ou seja, faz todo sentido ela narrar a própria história. O acesso aos pensamentos do Shin não fizeram falta. Seriam bem vindos? Lógico. Porém, por ser uma divindade acho que um certo grau de mistério cai bem. O enredo não traz rivalidade feminina e acho isso maravilhoso.

O livro dialoga com contos populares e mitos coreanos principalmente através de sua personagem principal que conta histórias. E me deu uma sensação muito boa e confortável porque ela trouxe alguns dos meus favoritos como Heungbu e Nolbu e o conto de Shim Cheong.  A atitude sacrificial da Mina, inclusive, espelha a mesma atitude que Shim Cheong tem em seu conto porque ela se sacrifica em busca da cura de seu pai enquanto a protagonista desse livro faz por amor ao seu irmão.

Se você tem interesse por esse universo tem uma série coreana na netflix chamada A noiva de Habaek e o manhwa (quadrinho) que espero que algum dia seja lançado no Brasil, The bride of the water god.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Era uma vez um coração partido - Stephanie Garber

Antes de mais nada preciso exaltar essa capa linda e dizer que amei que o livro veio com mimos, poster e marcador. Agora sim, vamos lá. Primeiro livro da série Era uma vez um coração partido publicada pela editora Gutenberg. É o primeiro livro que li da autora e fiquei bastante satisfeita.

Evangeline Raposa achou uma ótima ideia ir a uma igreja onde você pode fazer um pacto com um arcano, que te deixa completamente em posição desvantajosa, para impedir o casamento do cara que ela gostava.  Tinha como dar certo???? Claro que não. Foi bom ela ter ido? Acho que sim né ou a história não teria um começo.
 
Quando li a sinopse tive medo de se tratar de uma protagonista egoísta porque venhamos e convenhamos arruinar o casamento de alguém que você gosta não me parece uma motivação super altruísta. Porém vieram os fatos e com ele o entendimento de que talvez eu estivesse lendo um grande conto de fadas e eu adoro contos, releituras ou personagens que acreditam neles. Também veio o convencimento de que a protagonista foi colocada em uma posição complicada e fez o seu melhor com os recursos que tinha dentro daquele universo. E foi assim que me peguei completamente imersa na aventura.

Como todo conto de fadas precisa de uma bruxa má aqui ela se faz presente pronta para roubar a felicidade da protagonista em toda e qualquer oportunidade. Também temos um príncipe encantado ou melhor vários (escolha o que preferir e é isso. Uhul buffet de príncipe). A simpatia pela protagonista foi natural e veio logo junto com a torcida para tudo dar certo. Quanto mais lia sobre Evangeline, mais gostava dela. 

Evangeline é uma personagem que me fez nutrir muito carinho. Apesar de num primeiro momento, quando li a sinopse, eu jurar que ia detestá-la, não foi o que aconteceu. Ela está longe de ser egoísta. Ela é alguém que deseja o melhor e que crê em magia e em finais felizes. Está disposta a se sacrificar e acreditar em quem ama e eu a acho incrível por isso apesar dos contras que essas características trazem consigo.

Amei o príncipe de copas, Jacks, sim. Meu príncipe inclusive (quem disser que não, tem inveja de mim q). Vou até emoldurar o poster para olhar para cara dele todo dia (brincadeira ou não). Não sei o motivo de gostar dele, não sei de verdade, afinal o beijo dele é capaz de matar e ele tem atitudes duvidosas. O cara tem a própria igreja na qual as pessoas podem ir lá e rezar para ele ( é o que?). E sim, ele é o arcano com o qual a protagonista faz um pacto.
 
Os arcanos dentro da história são seres poderosos que podem realizar pedidos, mas a coisa pode sair do controle. Um pacto com um arcano é sempre desigual. Lembrou um pouco aqueles contos sobre gênios que realizam os desejos ao pé da letra e sempre trazem o caos para quem pediu. Tem sempre um preço a ser pago se você fizer pacto com um arcano e achei bem interessante. Como disse antes, adoro contos de fada e esse livro constrói um e é tão satisfatoriamente bem conduzido. 
 
A leitura é fluida e gostosa. O tratamento do texto está um primor (gostamos de coisas bem traduzidas e bem revisadas sim). Faz muita diferença ler um livro bem escrito e bem traduzido. Escolhi não falar sobre os outros personagens do livro para não entregar muito do que acontece. Eu estava jurando que a plot ia girar em torno do casamento do boy amado da Evangeline, mas a história foi além e me fez querer ter segurado um pouco a leitura até já ter o segundo lançado (agora já foi e não tem volta, socorro). Fazia tempo que não interagia tanto com uma leitura como foi com essa, mas eu falei muito. FALEI O TEMPO TODO (até meu irmão veio ver se estava tudo bem comigo porque eu estava brigando com os personagens e ele achou que estava brigando com algum conhecido). Se vocês gostam de fantasia, contos de fada, então só vem que é o seu lugar.