domingo, 28 de agosto de 2022

O segredo da duquesa - Courtney Milan

Primeiro livro da série Os excêntricos publicada pela editora Arqueiro. Eu ouvia muita gente falando de brothers sinister por aqui e por ali sempre em postagens com recomendações de romances de época e nutria certa curiosidade por conta dos vários elogios.  Deixei para lá porque eu ainda não sabia que conseguiria ler um romance de época em inglês e quando vi esse lançamento lembrei (a velha chama ascendeu). 

Minnie mora com as tias avós em Leicester e a coisa que ela menos quer é chamar atenção. Por causa de um escândalo no passado, ela trocou de nome e espera conquistar segurança que um casamento poderia proporcionar. O problema é que quando jornais estimulando luta pelo direito dos trabalhadores começam a circular, a culpa de insurreição caí sobre ela e agora Minnie precisa desmascarar o culpado. A chegada do duque de Clermont abala algumas de suas certezas (refiz a sinopse sim e sim). 

Minnie, Minerva Lane e Wilhelmina Pursling, muitos nomes para uma mesma personagem. O último foi escolhido como subterfúgio para viver em Leicester sem chamar atenção. A personagem é audaciosa e cheia de estratégias. Muito inteligente (apesar da primeira dedução dela ter sido um pouco meh). Achei sensacionais as conversas dela com o duque e sua forma de resolver as coisas.

E por falar em duque, o nosso se chama Robert Alan Graydon Blaisdell e ele é muito pé no chão. Esqueça o esnobismo e pompa que estamos acostumadas, não rola (vossa graça não gosta dessas coisas, né?). É ele que demonstra estar se apaixonando por ela primeiro. Parto do ponto de que Robert admira Minnie e sempre digo que quem ama, admira o outro.  Isso para mim fez um diferencial danado. Também gosto dele por ser alguém com um bom caráter (nesta casa gostamos de mocinho bonzinho sim). Robert guarda em si solidão de não ter tido uma família cercada de amor e a vergonha por ter o pai que teve. 

É impossível não amar o Robert, mesmo até achando que ele por vezes é um pouco inconsequente (foi uma vez só gente q). A autora criou um personagem que a gente olha e diz alguém precisa dar amor para ele (cuidem dele pls). Um personagem extremamente gostável, assim como Minnie. Achei os dois bem modernos ao ponto de as vezes ser difícil acreditar que eram personagens de um romance de época (não foi exatamente um problema para mim, mas fica aqui o comentário). O desenvolvimento dos personagens foi bom e bacana já ter introduzido bem os personagens dos próximos livros e contextos deles (estamos de olho).

sábado, 20 de agosto de 2022

A ponte entre reinos - Danielle L. Jensen

Primeiro livro da série A ponte entre reinos publicada pela editora Seguinte. É um livro que eu conheci através da resenha da Sil do blog Prefácio e eu tive certeza que ia gostar porque reconheci todos os elementos que me chamam em um livro de fantasia (de novo, muito obrigada Sil porque não sei o que seria de mim sem essa indicação). O meu feeling não estava errado e assim logo me vi dentro da história  e querendo mais.

Lara mora com suas onze irmãs em um complexo no deserto em Maridrina desde os cinco anos de idade. Não é simplesmente morar, ela e as demais são treinadas como espiãs e assassinas para que uma delas seja enviada como futura rainha para o reino de Itchicana. A missão é roubar segredos do reino para tomar o domínio sobre a ponte que viabiliza comércio, ou seja, poder. Ao descobrir que o pai deixará somente a escolhida para missão com vida, Lara arma um plano audaz. Ela coloca remédios para dormir no prato de todas as irmãs fazendo parecer que as matou e que agora só ela pode ser enviada. É assim que nossa história começa e a protagonista acaba por se tornar rainha de Itchicana, esposa do rei Aren, seu inimigo e por quem se apaixona.

Lara é uma protagonista forte e leal. Ela é manipulada a acreditar em uma situação de desfavorecimento em seu reino causado por Itchicana e somente por lá. Parece óbvio para o leitor que um pai que decide matar suas filhas, nunca poderia ser um bom governante.  Além do fato dele viver em luxo enquanto o povo dele não consegue o básico. Boa coisa ele não é. Só que a protagonista foi criada como uma arma desde os cinco anos, não tem noção de mundo porque viveu presa em um complexo no meio do deserto sem chances reias de ver o que estava acontecendo e a ajudasse a ponderar sobre tudo, inclusive a administração do próprio pai.

Quando ela chega em Itchicana, acredita realmente que o que a missão dela é em benefício do povo de Maridrina e por isso não posso condená-la. Também não vou culpar Aren por qualquer sentimento que ele tenha quando descobrir a verdade e tudo que ela fez.  Não posso condenar nenhum deles porque suas atitudes são justificadas por seus contextos (e é isso).

Aren é o rei que todos nós gostaríamos de ter, alguém que protege o seu povo e que não vive no luxo enquanto o povo passa fome. Ele é fofo (as vezes), meio bruto (muitas vezes) e me deixa sem fôlego (e não existe, lembre disso, lembre disso). Mal apareceu e eu já estava completamente rendida, isso aí (Lara, você teve bastante determinação porque olha).

Para mim, todo momento era angustiante, quando ela conquistava mais um pouco de informações, mais um pouco de confiança porque eu sabia o que estava por vir,  não tinha como não saber. Só torcia para tudo mudar de uma hora para outra (presta atenção, Lara). E quando veio, veio com tudo (poxa, Danielle, meu coração não aguenta, pega leve com a caneta). Você sabe o que vai acontecer enquanto os personagens estão alheios e tudo que resta é o nervoso. Sério, gente! Não aguentei. Eles felizes e eu totalmente desesperada.

Acho que a construção da história foi muito bem feita, o enredo se passa num cenário de guerra entre reinos com acordos de casamento e complôs. A narrativa alterna entre os dois personagens principais (obrigada). O final caótico faz a gente ansiar pelo próximo (foi daqui que pediram caos?). Eu terminei sem estruturas (não aguento só de pensar). Eu não sei nem quem sou. Só sei que sou uma pilha de nervos e que precisa que tudo se acerte logo. As escolhas da Lara não foram as melhores e espero que o próximo livro dê a ela toda a oportunidade de redenção que a personagem merece porque tudo que ela fez não teve motivação gananciosa. Seu único pecado talvez tenha sido não encarar logo de uma vez e expor tudo. 

Quem não leu, vá lá ler e volte aqui para segurar a minha mão.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Leitura de verão - Emily Henry

Publicado pela Verus Editora. Pensei que ia ser uma comédia romântica  simples e caí dentro do meu caos interior que tem dificuldade em sair do luto. Porém, calma, o livro é um romance e não é inteiramente sobre luto, apesar do assunto também aparecer.

January Andrews sempre acreditou em amor, romance e é sobre isso que ela escreve. Ela acreditou nisso por toda a vida observando o relacionamento dos pais que parecia ser ideal. Até o fatídico dia em que seu pai faleceu e ela descobriu que ele tinha uma amante e que sua mãe sabia de tudo, mas nunca tinha contado para ela. Com um coração partido e ao mesmo tempo vivendo o luto, ela tem que lidar com bloqueio criativo, o termino de seu relacionamento e a falta de dinheiro que a obriga a morar temporariamente na casa em que o pai ficava com a amante. Para completar o pacote, ela descobre que o vizinho ranzinza não é nada mais, nada menos que um ex colega de faculdade com quem ela tinha uma relação meio ambígua, Augustus Everett (algo entre desejo, rivalidade e inveja).

Quando comecei a ler, não esperava nenhum pouco que a mocinha estivesse lidando com  tanta coisa ao mesmo tempo. Eu geralmente deixo para ler coisas relacionadas a luto quando estou me sentindo bem porque é um tema que me pega. Por sorte, estava bem quando li. Isso é que dá não ter lido nenhuma resenha sobre ele antes. Entretanto a escrita da autora não é carregada e o assunto luto não  é tratado de forma central no livro, é só uma parte do que está acontecendo. Inclusive eu pensei muito mais na traição do  que na morte do pai dela.

A grande inspiração dela vinha do casamento dos pais,  sua crença em amor verdadeiro e ela viu isso ruir com a descoberta. Venhamos e convenhamos, imagina descobrir que o pai traiu a mãe que estava batalhando pela vida contra um câncer. O caos. Achei o pai dela um tremendo de um egoísta que magoou a esposa, a filha e a amante. Além de ter colocado a amante em uma posição horrível quando deixou instruções de que ela entregasse uma carta e a chave da casa para a January (nossa, mano! Que situação bizarra).

Além da mocinha estar enfrentando muita coisa. O mocinho, Augustus, também não fica atrás com seu histórico de traumas e coração partido. E eu acho que duas pessoas quebradas não deveriam entrar num relacionamento. Então, sinceramente, aconteceu pela primeira vez de que eu gostasse dos dois protagonistas de forma separada. Em boa parte do enredo não me senti extremamente confortável em ver o relacionamento acontecendo. Talvez eu esperasse que eles resolvessem as coisas antes de ficar juntos.  Sinceramente, gostei muito deles. Acho que foram personagens bem construídos e que conseguem gerar simpatia e afeto no leitor. Só queria que tivessem tido mais tempo para resolver suas questões antes de qualquer coisa. Enfim, é isso.  Já leram o livro ? Se sim, me diz aí o que acharam.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Valente - Holly Black

Segundo livro da trilogia Contos de fadas modernos publicada pela Galera. Os protagonistas desse livro não são os mesmo do primeiro livro. É uma história bem caótica. Val é uma adolescente com uma vida normal, mas ao descobrir que a mãe está tendo um caso com seu namorado, foge de casa e começa a viver nas ruas junto com Lolli, Dave e Luis. Além disso, ela descobre a existência de seres sobrenaturais e se pega em um pacto com um deles, Ravus.

Val não tem, ao que tudo indica, um bom relacionamento com os pais. Porque se tivesse, ao descobrir a traição da mãe, ela poderia ter recorrido ao pai em vez de ter ficado na rua. Inclusive preciso falar dessa traição porque me chocou muito (mesmo relendo). Se a intenção da autora era essa, conseguiu (continuo chocada até agora). Eu a imaginei totalmente desamparada com o que viu. Acho que essa inclusive é a palavra certa para descrever a Val e os jovens que ela encontra e com quem começa a viver  nas ruas, estão todos desamparados. 

Ravus é um troll que faz poções. Um dia ele pega Val e Lolli roubando em sua casa. Val acaba se colocando a serviço dele durante um mês em troca da liberdade de Lolli, que foi pega por ele. Acho o Ravus um personagem formidável e que deveria ter tido a história mais desenvolvida. Eu queria saber mais sobre ele e senti falta disso.

Lolli é completamente desequilibrada  e cruel. Assim como Dave. Os dois são resultado das circunstâncias em que estão inseridos e de tudo pelo que passaram. Eles só pensam em seus vícios e obsessões.  Já o Luis só pensa em proteger o Dave, seu irmão. Ele é um personagem que cresce ao longo da história.

Acho que o ponto forte da história é mostrar o processo de desamparo e como ele dá início a degeneração porque Val faz coisas horríveis, coisas que ela nunca teria feito em sua vida anterior.  Foi bem doloroso e triste porque parecia tão real.

Eu amo os livros da Holly Black, mas se tem algo que não gosto é a traição que sempre se faz presente neles: entre amigas, irmãs e nesse, entre mãe e filha. Tudo sempre pelo mesmo motivo, homens. Isso me incomoda bastante. Em minha opinião, faltou uma conversa entre Val e sua mãe mais detalhada. A que tiveram, para mim, foi rápida e pareceu superficial. Eu queria ver um processo de perdão e arrependimento melhor explorado para poder acreditar que aconteceu. 

Gatilhos: vício, violência, estupro e traição